“... Lembro-me. Ciclicamente lembro-me. Do lado de cá do tempo - voluntáriamente afastado e qual eremita asceta escondido neste refúgio secreto agora pintado em tons de castanho e amarelo velho ou não se tivesse já instalado o Outono como bem relevam os castanheiros e pinheirais - volto por vezes, quando a memória emocional me visita e obriga a reviver o filme de outra vida quando soltos andavam os cavalos da mente e lá estou eu nos mesmos lugares de outros tempos onde a ritmo de música sinfónica de afinada orquestra se sucediam actos primeiro de peças de teatro por encenar e representavam actores e actrizes a ritmo alucinante, o amor.
Reinvento-os como só com o passar do tempo e lá estou eu de novo naquela cidade branca, Lisboa, cidade em plena efervescência, personagens de ficção ou não, juventude prenhe de ideias de felicidade permanente, emoções jorrando na jactância de corações despedaçados, amante de ciúmes enlouquecida.
Lisboa cidade amada, Lisboa cidade velha, Lisboa cidade, qual mulher perdida em noite de temporal, à deriva. Cidade de fantasia inventada por romancistas e poetas decadentes, deserto árido à chegada, casa de mil recordações à partida, assim eras Lisboa,cidade bela, uma das mais belas do mundo onde tudo podia acontecer...”
O porquê de Fragmentário
Um diário é um conjunto de apontamentos que se apontam dia a dia - desses não tenho, por isso não escrevo diários -, de soluços aos solavancos, fruto das horas mortas e dos momentos inadequados do não sentir. Por isso, “Fragmentário”. Onde o navio? Sem navio...
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Nostalgia
Nas cordilheiras da tristeza há sempre a esperança de um dia acordarmos frescos e leves pelo vislumbre do alegre chilrear da passarada ao alvorecer.
É certo que os morangos, bem como as cerejas do quintal da tia já estão vermelhos e prontos a comer. Apetitosos até, diria. Então se assim é, porque é que nos é proibido comê-los sem termos que os pedir à tia?
Fugir das convenções..., desviarmo-nos da rota que préviamente o Sr. do destino traçou para nós...
É a ansiedade, a pressa, que nos destroça toda a vida planeada!
Trocava a vida toda que já tive por cem dias de aventura! Mas quanta vida me resta e quanta aventura???
Tenho medo de ficar e até de partir já tenho. Fujir de mim próprio? E aportar onde?
O teu destino era partir, lembras-te? E o meu, qual é???
É certo que os morangos, bem como as cerejas do quintal da tia já estão vermelhos e prontos a comer. Apetitosos até, diria. Então se assim é, porque é que nos é proibido comê-los sem termos que os pedir à tia?
Fugir das convenções..., desviarmo-nos da rota que préviamente o Sr. do destino traçou para nós...
É a ansiedade, a pressa, que nos destroça toda a vida planeada!
Trocava a vida toda que já tive por cem dias de aventura! Mas quanta vida me resta e quanta aventura???
Tenho medo de ficar e até de partir já tenho. Fujir de mim próprio? E aportar onde?
O teu destino era partir, lembras-te? E o meu, qual é???
quarta-feira, 8 de julho de 2009
PORQUÊ EU
De estação em estação, de cais em cais, aporta um desconhecido em mim.
Sou quantos? Quantos em mim? Espanto-me pela clareza do meu raciocínio, pela clarividência da minha inteligência clarificadora dos insondáveis mistérios da psique, mas até quando? Viajantes, os neurónios acutilantes galopando na cabeça, quem vem lá?
Disseram-me que estás cá? Vieste de automóvel? Por que auo-estrada do destino?
Podemos vir a ser felizes? Já o fomos?O ponto de interrogação é parecido com o gancho de um guindaste?
E tu? Quem és tu?
Sou quantos? Quantos em mim? Espanto-me pela clareza do meu raciocínio, pela clarividência da minha inteligência clarificadora dos insondáveis mistérios da psique, mas até quando? Viajantes, os neurónios acutilantes galopando na cabeça, quem vem lá?
Disseram-me que estás cá? Vieste de automóvel? Por que auo-estrada do destino?
Podemos vir a ser felizes? Já o fomos?O ponto de interrogação é parecido com o gancho de um guindaste?
E tu? Quem és tu?
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Virar costas a Lisboa
" Mudou bastante, nos últimos anos, esta cidade que já amei ".Disse M. aquando da saída do Alfa Pendular da Estação do Oriente. "Até parece que estamos num país europeu". Observou como em sinal de adeus.
E lá se foi, no Alfa, que, como não podia deixar de ser, foi pendular!
E lá se foi, no Alfa, que, como não podia deixar de ser, foi pendular!
domingo, 3 de maio de 2009
E já é Maio!!!
A história do gato que caiu do telhado...
Faz tempos.. Era Maio?
Maio adiantado. - Escrevi na altura...
Hoje já nem há gatos ou, há outros gatos! Apenas os ratos são sempre os mesmos...
Assim és, desde que te conheço. Única!!!
Fizeste o mais difícil, mas, aparentemente, com que facilidade!
- Para ti tudo tem sido fácil, disses-te. - Passas o tempo a brincar com a vida...
Vidas irreais!; papagaios de papel, soltos o cordel.
O que é que tu realmente queres, já te perguntaste?
Faz tempos.. Era Maio?
Maio adiantado. - Escrevi na altura...
Hoje já nem há gatos ou, há outros gatos! Apenas os ratos são sempre os mesmos...
Assim és, desde que te conheço. Única!!!
Fizeste o mais difícil, mas, aparentemente, com que facilidade!
- Para ti tudo tem sido fácil, disses-te. - Passas o tempo a brincar com a vida...
Vidas irreais!; papagaios de papel, soltos o cordel.
O que é que tu realmente queres, já te perguntaste?
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Bairro acima
" A fonte da minha sabedoria nasce na observação e estudo das práticas quotidianas ".
Pequenos charcos de água suja serpenteiam pelas ruas da baixa e neles chafurdam alegremente as crianças! Eternas vidas porque inconscientes e iniciáticas.
O desconhecimento da dor é ritualmente sacrílego porque encerra em si todo o desespero das virgens.
Pequenos charcos de água suja serpenteiam pelas ruas da baixa e neles chafurdam alegremente as crianças! Eternas vidas porque inconscientes e iniciáticas.
O desconhecimento da dor é ritualmente sacrílego porque encerra em si todo o desespero das virgens.
terça-feira, 24 de março de 2009
Primavera adiantada
“Era uma vez um cão que queria passar por gato, mas não teve sorte nenhuma, logo o descobriram “.
Não fui eu o inventor da non sense frase, mas sei quem foi. Sei, mas não o digo. Quem quiser que o adivinhe ou então leia " A cantora careca". Isto para dizer que há por aí muitas coisas que não fazem sentido. Por exemplo não faz sentido estar calado por muito tempo tal como também o não faz estar sempre a falar. Mas dias há em que o próprio silêncio é ensurdecedor!!!
Soito. Conjunto de castanheiros. Ou lá por perto. Castanhas ainda há meses, as folhas dos castanheiros, verdes agora que, como já disse, é primavera mas mais parece Verão! Eterno rolar das Estações. E nós com elas.
A sua voz, via telemóvel quando falávamos acerca de ti:
- Foi para Timor. Tem que ser grande o desespero para ter ido para Timor. E o Sr. seu marido, alto cargo em Bruxelas! Longe da vista...
" Fugiste de mim e acabaste a fugir de ti. Não consegues apaixonar-te por ninguém, dizem-me, tal como também não consegues viver sem paixão. Esse o teu castigo ".
De que matéria são feitos os sonhos que não chegamos a sonhar? De recordações do passado ou de memórias do futuro?
Recordo-te, projecto-te, invento-te. Encontro-te, consumo-te, portanto ...
Lá em baixo, no fundo da ravina canta a juvenil ribeira. Vai ser grande, a ribeira quando chegar às portas do rio. E contudo já o não será, quando se aproximar do mar!!!
Os melros, os novatos passaritos que ainda mal voar sabem, já anseiam as gingas do quintal da tia. As perdizes já só pensam em engordar!!!
Não fui eu o inventor da non sense frase, mas sei quem foi. Sei, mas não o digo. Quem quiser que o adivinhe ou então leia " A cantora careca". Isto para dizer que há por aí muitas coisas que não fazem sentido. Por exemplo não faz sentido estar calado por muito tempo tal como também o não faz estar sempre a falar. Mas dias há em que o próprio silêncio é ensurdecedor!!!
Soito. Conjunto de castanheiros. Ou lá por perto. Castanhas ainda há meses, as folhas dos castanheiros, verdes agora que, como já disse, é primavera mas mais parece Verão! Eterno rolar das Estações. E nós com elas.
A sua voz, via telemóvel quando falávamos acerca de ti:
- Foi para Timor. Tem que ser grande o desespero para ter ido para Timor. E o Sr. seu marido, alto cargo em Bruxelas! Longe da vista...
" Fugiste de mim e acabaste a fugir de ti. Não consegues apaixonar-te por ninguém, dizem-me, tal como também não consegues viver sem paixão. Esse o teu castigo ".
De que matéria são feitos os sonhos que não chegamos a sonhar? De recordações do passado ou de memórias do futuro?
Recordo-te, projecto-te, invento-te. Encontro-te, consumo-te, portanto ...
Lá em baixo, no fundo da ravina canta a juvenil ribeira. Vai ser grande, a ribeira quando chegar às portas do rio. E contudo já o não será, quando se aproximar do mar!!!
Os melros, os novatos passaritos que ainda mal voar sabem, já anseiam as gingas do quintal da tia. As perdizes já só pensam em engordar!!!
segunda-feira, 16 de março de 2009
Sôbolos montes e vales
A Primavera está a chegar ou já se instalou?
Daqui a pouco já é Verão, mas até lá?
Os bosquímones já se antevêm aqui e ali, perdendo o medo...
E os laranjais viçosos de esperança, engalanados para a polonização!!!
E os roseirais? Renovados ou em contraciclo de Renovação???
Os outrora alegres faunos que se rebolavam de gozo no jardim, aflitos e assustados nos esconderijos das escorregadias enguias !!!
Os manjericos espreitando do alto da burra!!!
Os pinheirais recém-plantados nas serranias, ondulantes e crentes de que ainda há esperança no futuro!!!
Descansa um pouco, caminhante, senta-te à sombra dos outrora densos pinheirais...
Junta a caruma que sobrou dos ancestrais, acama-a
Pois é na melhor caruma que se espraia a cama...
Fecha os olhos, sorve todo o ar que puderes,caminheiro de mil sóis
Até os pulmões não aguentarem mais, inspira!
Deixa-te ir, de sentir...
És agora marinheiro que já deixou o cais.
O azul do Rio sonhado, reflectido no telhado!
A alma que de dilatada, se eleva sem deus á vista!!!
Já lá vai o tempo das chuvadas
Agora é tempo de semear o pão.
Daqui a pouco já é Verão, mas até lá?
Os bosquímones já se antevêm aqui e ali, perdendo o medo...
E os laranjais viçosos de esperança, engalanados para a polonização!!!
E os roseirais? Renovados ou em contraciclo de Renovação???
Os outrora alegres faunos que se rebolavam de gozo no jardim, aflitos e assustados nos esconderijos das escorregadias enguias !!!
Os manjericos espreitando do alto da burra!!!
Os pinheirais recém-plantados nas serranias, ondulantes e crentes de que ainda há esperança no futuro!!!
Descansa um pouco, caminhante, senta-te à sombra dos outrora densos pinheirais...
Junta a caruma que sobrou dos ancestrais, acama-a
Pois é na melhor caruma que se espraia a cama...
Fecha os olhos, sorve todo o ar que puderes,caminheiro de mil sóis
Até os pulmões não aguentarem mais, inspira!
Deixa-te ir, de sentir...
És agora marinheiro que já deixou o cais.
O azul do Rio sonhado, reflectido no telhado!
A alma que de dilatada, se eleva sem deus á vista!!!
Já lá vai o tempo das chuvadas
Agora é tempo de semear o pão.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Arlequim
Não sei se já reparou, menina, mas estou-lhe a escrever do futuro. É que não posso escrever-lhe do passado senão o seu marido ainda me trama mais um pouco!
Faz hoje anos? Anos do futuro que não teremos, que não do passado que já tivemos. Que futuro para nós e onde???
E que futuro terias tu sem mim quando batesses às portas da percepção?
Bem sei que muito lamentas a falta do meu existir perto de ti porque te faço falta na infelicidade do teu sentir. Dói assim tanto?
Há escolhas que nos saem bem quando somos novos, calculismos à parte) mas há outras que nunca faríamos se soubessemos como avançaria a vida. Ainda te escondes nas praias alentejanas no fim do Verão?
O patareco do teu marido anda lá por Bruxelas mas tu, bem o sei, nem sabes nem queres saber. Foi culpa da tua mãe. Pois foi e então??? Ninguém te obrigou a assinar!!!
Saudades de há muitos anos atrás! Muitas saudades!!! Essas eu sei que tens.
Saudades da Graçita de Odemira! Foi lá que andastes no liceu?; Saudades da triangulação que ficou por fazer!!!
E dos jantares tardios nos resturantes baratos por perto do campus à cidade unioversitária, lembras-te?
É tudo ao contrário agora mas a verdade ainda há-de vir ao de cima!!!
Vives agora no limbo da decadência dos sentimentos, qual trapezista que perdeu o pé, já antevendo a mortal queda por falta de rede no trapézio!
Já me perguntei muitas vezes e sem mo dizeres alcancei a resposta que guardo para mim e que nunca te direi.
Tudo se esquece com o tempo mas só enquanto houver memória!!!
Diz olá à borboleta tonta, diz bom dia ao triste Arlequim abandonado.
Faz hoje anos? Anos do futuro que não teremos, que não do passado que já tivemos. Que futuro para nós e onde???
E que futuro terias tu sem mim quando batesses às portas da percepção?
Bem sei que muito lamentas a falta do meu existir perto de ti porque te faço falta na infelicidade do teu sentir. Dói assim tanto?
Há escolhas que nos saem bem quando somos novos, calculismos à parte) mas há outras que nunca faríamos se soubessemos como avançaria a vida. Ainda te escondes nas praias alentejanas no fim do Verão?
O patareco do teu marido anda lá por Bruxelas mas tu, bem o sei, nem sabes nem queres saber. Foi culpa da tua mãe. Pois foi e então??? Ninguém te obrigou a assinar!!!
Saudades de há muitos anos atrás! Muitas saudades!!! Essas eu sei que tens.
Saudades da Graçita de Odemira! Foi lá que andastes no liceu?; Saudades da triangulação que ficou por fazer!!!
E dos jantares tardios nos resturantes baratos por perto do campus à cidade unioversitária, lembras-te?
É tudo ao contrário agora mas a verdade ainda há-de vir ao de cima!!!
Vives agora no limbo da decadência dos sentimentos, qual trapezista que perdeu o pé, já antevendo a mortal queda por falta de rede no trapézio!
Já me perguntei muitas vezes e sem mo dizeres alcancei a resposta que guardo para mim e que nunca te direi.
Tudo se esquece com o tempo mas só enquanto houver memória!!!
Diz olá à borboleta tonta, diz bom dia ao triste Arlequim abandonado.
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