O porquê de Fragmentário


Um diário é um conjunto de apontamentos que se apontam dia a dia - desses não tenho, por isso não escrevo diários -, de soluços aos solavancos, fruto das horas mortas e dos momentos inadequados do não sentir. Por isso, “Fragmentário”. Onde o navio? Sem navio...



quinta-feira, 27 de março de 2008

Vigésimo Quinto Aniversário

Ó se ao menos alguém nos cantasse os parabéns todos os anos no dia do nosso aniversário depois de morrermos!
Mas não. Tudo o que mais querem, os trastes dos vivos, é esquecer-nos á pressa para depois poderem realizar as suas próprias fantasias com os despojos.
Depois de morrermos, mas apenas se morremos jovens, deixamos saudades nuns poucos mas apenas por pouco tempo. Sim porque se morrermos velhos não deixamos saudades a ninguém e até pensamos que eles pensam que foi um alívio parece que o gajo nunca mais vai!
E depois a terra cai em cima e pronto, lá se foi tudo. Entregues ao rol dos esquecidos bem fechadinhos na caixa não vá o danado lembrar-se de voltar a acordar.
Pedra tumular bonita em cima da campa e ali entre quatro paredes com porta fechada a cadeado para toda a eternidade que é sabe-se lá quanto tempo.
E para quê? Então não sabíeis que não era preciso vedar nada pois nem sequer vivos já são!
Triste agora a borboleta amarela pois bem sabe que prestes a findar está o Verão!

terça-feira, 4 de março de 2008

CASA FUNDADA EM 1782

Do Marquês ao Principe Real são as horas que quiseres. Outrora eram minutos. Havia pressa. Agora não.
Os lentos e arrastados passos transportam-me Rua da Escola Politécnica acima até ao velho jardim do Principe. Real? Como não, Real, pois se é Princípe!!!
B.A. Miradouro de S. Pedro de Alcântara. Outrora havia corações apardalados só de pensar... Agora não. Agora até os pardais aparvalhados, nos corações fazem ninho. Onde a esperança?
A musa deixou a inspiração e pirou-se num transatlântico para algures na Madeira, incógnita. A alta da cidade sem ti agoniza...
E como é sempre bem voltar ao Chiado.
- Olá Fernando, bute lá beber um absinto ao Martinho?
Casa fundada em 1782. Faz tempo. Do absinto ainda sinto o cheiro mas do Fernando apenas restam as fotografias em pose escolhidas a dedo para impressionar turistas endinheirados. Mas mesmo essas...
Dizem que antigamente dali se podiam molhar os pés no Rio. E dizem também que aquele era o rio que corre pela aldeia do Fernando. Mas dizem tantas coisas! Podemos lá acreditar em tudo o que dizem se está provado que o Fernando não tinha aldeia?
Sentado na esplanada das Arcádias, uma cerveja e duas espanholas por companhia - na mesa ao lado as espanholas, bem entendido -, dei-me conta de que passou agora outro Fernando. O do Lumiar, o das Finanças!
Pouca sorte a deste Fernando nas finanças. Ou a das finanças com este Fernando, saiba-se lá.