Ancorado na praia deserta desta ilha, abandonada ilha, aqui estou eu, cheio de fome e de sede, febril e visionário, desesperado e louco, completamente alucinado pelos gritos lancinantes das também esgazeadas gaivotas.
Fecho os olhos de doridos, sinto os tímpanos estoirar e como se em transe sou invadido por uma luz suave e calma vinda do fundo do mar. Vinda do mar em espiral para o firmamento com vistas das janelas para dentro! Turbilhão de imagens desordenadamente à solta na minha visão demente vêm ter comigo, navegam comigo, entram e saiem na minha percepção de alquimista atarefado, fervilham em provetas de experiências falhadas de há muito tentadas por cientistas sagazes que também deram em loucos. Tudo experimentado à sorte, sem qualquer lógica ou método, brumas de pesadelos envolvendo os sonhos e desordenando a mente. Noites de estrelas mil, mais brilhantes que diamantes e sussurros ao ouvido de linguagens trazidas pelas aragens prenúncio de muitos e maus ventos. Onde agora os monotonos e monocórdicos sons das cigarras e dos grilos? onde as conversas sem fim das quentes noites de Agosto quando evocando o luar eramos inundados e atravessados por palavras belas, palavras mil, palavras vãs, transmissoras de mensagens que se é verdade que pareciam reais já em si carreavam os prelúdios de um breve fim? Onde a lucidez desta gente???
O porquê de Fragmentário
Um diário é um conjunto de apontamentos que se apontam dia a dia - desses não tenho, por isso não escrevo diários -, de soluços aos solavancos, fruto das horas mortas e dos momentos inadequados do não sentir. Por isso, “Fragmentário”. Onde o navio? Sem navio...
quarta-feira, 25 de junho de 2008
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